20/03/08

DIA MUNDIAL DO TEATRO - Fotos em Alfornelos

A comemoração do Dia Mundial do Teatro (27 Março) na Amadora faz-se no Auditório de Alfornelos, com a reposição da última produção do TPN, Fotos do Fogo. O espectáculo será apresentado nos dias 27, 28 e 29 Março, sempre pelas 22h00. Como é tradição, a sessão do dia 27 Março terá entrada gratuita. Apareça... comemore o Teatro connosco!

"Este espectáculo é sobre a Noémia e a Mariana, amigas reencontradas numa qualquer planície alentejana. Sobre as ideologias que as uniam - e que agora criam um fosso entre elas. É sobre o Octávio e o seu pequeno mundo. Sobre soldadinhos de brincar, que por mais que se guardem nunca deixarão de lá estar. É sobre uma irmã que já foi noiva, e uma noiva que nunca o deixará de ser. Sobre o fosso que se cava entre os que partem (para sempre) e os que ficam. É sobre um jovem soldado que já não o é. Nem soldado e muito menos jovem. Apenas memória. E é sobretudo sobre um jogo. Sobre fotografias e palavras, imagens e lembranças. É sobre uma terra árida onde se enterram recordações, na esperança de as perder. Mas é impossível. Este espectáculo é sobre 1960, o Ultramar, o amor e a dor, o comodismo e a ilusão. Este espectáculo é sobre o nosso país e uma identidade colectiva. Seja lá o que isso for..."

MENSAGEM DO DIA MUNDIAL DO TEATRO 2008
Robert Lepage (encenador, actor e dramaturgo canadiano)

"Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que me interpela mais tem a forma de uma fábula:
Uma noite, na alvorada dos tempos, um grupo de homens juntou-se numa pedreira para se aquecer em volta de uma fogueira e para contar histórias. De repente, um deles teve a ideia de se levantar e usar a sua sombra para ilustrar o seu conto.
Usando a luz das chamas ele fez aparecer nas paredes da pedreira, personagens maiores que o natural. Deslumbrados, os outros reconheceram por sua vez o forte e o débil, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal. Actualmente, a luz dos projectores substituiu a original fogueira ao ar livre, e a maquinaria de cena, as paredes da pedreira. E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula lembra-nos que a tecnologia está presente desde os primórdios do teatro e que não deve ser entendida como uma ameaça, mas sim como um elemento unificador.
A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de se reinventar abraçando novos instrumentos e novas linguagens. Senão, como poderá o teatro continuar a ser testemunha das grandes questões da sua época e promover a compreensão entre povos sem ter, em si mesmo, um espírito de abertura? Como poderá ele orgulhar-se de nos oferecer soluções para os problemas da intolerância, da exclusão e do racismo se, na sua própria prática, resistiu a toda a fusão e integração?
Para representar o mundo em toda a sua complexidade, o artista deve propor novas formas e ideias, e confiar na inteligência do espectador, que é capaz de distinguir a silhueta da humanidade neste perpétuo jogo de luz e sombra.
É verdade que a brincar demasiado com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas ganha igualmente a possibilidade de deslumbrar e iluminar."


NOTA: o espectáculo Fotos do Fogo tem já agendadas apresentações na Amadora (24 Abr), Esmoriz (26 Abr), Torre de Moncorvo (31 Mai) e Pampilhosa da Serra (27 Jun)

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